sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Em busca do vestidinho azul.




Num bairro muito pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito

bonita.

Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança

quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram velhas e maltratadas.

Até um dia em que um professor penalizou-se com a menininha. Como uma

garota tão bonita pode vir para a escola tão mal arrumada? Separou algum

dinheiro de seu salário e, embora com dificuldade, lhe comprou um vestido

novo. A garotinha ficou ainda mais bonita no seu vestidinho azul.

Quando a mãe viu a menina naquele vestido azul, sentiu que era lamentável

que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão sujinha para a escola. Por

isso passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar e

limpar suas unhas.

Depois de uma semana, o pai falou: “Mulher, você não acha uma vergonha que

nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este,

caindo aos pedaços? Que tal ajeitar a casa? Nas horas vagas vou pintar as

paredes, consertar a cerca e plantar um jardim”.

Em pouco tempo a casa da garotinha destacava-se na pequena vila pela

beleza das flores que enchiam o jardim, pela limpeza, pelo capricho de seus

moradores com seus pequenos detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados

por morar em barracos feios e resolveram também arrumar suas casas, plantar

flores, usar pintura, água e sabão, além de criatividade.

Logo, o bairro estava todo transformado. Um homem que acompanhava os

esforços e as lutas daquela gente achou que eles bem que mereciam um

auxílio das autoridades. Foi ao prefeito e expôs suas idéias e saiu de lá com

autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que

seriam necessários no bairro.

A rua de lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu

aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.

Tudo começou com um vestidinho azul.

Não era a intenção daquele professor consertar a rua, nem criar um organismo

que socorresse o bairro. Ele fez o que podia apenas a parte que lhe cabia.

Qual será a parte de cada um de nós? Será que basta apontar os buracos da

rua, reclamar dos erros do vizinho e cuidar apenas do portão para dentro?

É difícil mudar o estado total das coisas. É difícil varrer toda a rua, mas é fácil

varrer nossa calçada. É difícil modificar o bairro, mas podemos começar pela

nossa casa, deixando-a mais bonita. É difícil reconstruir o planeta, mas é

possível dar um vestido azul.


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